COLORANTES FACTOR VERMELHO

29-12-2009 23:48

 

ALIMENTOS COLORANTES PARA CANÁRIOS DE FATOR VERMELHO

Curtis Gulick
Revista Zoocultura
Revista Pássaros  - ano 6 nro 28

Arquivo editado em 13/04/2002

Na natureza, as aves comem uma grande variedade de insetos, crustáceos, algas, musgos, frutos e bagas. Destes alimentos, elas recebem e metabolizam vários carotenóides, que acabam por depositar na plumagem. Na regiăo Centro-Norte do Estados Unidos da América , O Cardinal apresenta cores bastante mais mortiças durante o inverno. Nestes meses mais frios, a sua alimentaçăo é majoritariamente constituída por sementes. O flamingo alimenta-se de plâncton, o qual é rico em pigmentos. Se forem privados da sua alimentaçăo habitual, ao mudarem a pena perdem a sua bonita cor rosada, ficando tăo brancos como um frango de aviário. Nos zôos, os flamingos recebem uma dieta com sumo de beterraba ou Flamen-Oil (mistura de óleo escuro de cenoura e outros óleos vegetais integrais) ou, mais freqüentemente ainda, substâncias pigmentantes disponíveis no comércio especializado. É assim natural que o Fator Vermelho dessas aves necessite de substâncias especiais para que possa ter expressăo na plumagem.
É tăo natural fornecer a uma raça de aves de Fator Vermelho concentrados de carotenóides como alimentar uma fęmea em postura com ovos cozidos. Será que as aves selvagens comem ovos para alimentar a sua prole? Năo!  Antes de serem domesticadas, as aves alimentavam as suas crias com insetos e plantas bravias. E com estas fontes alimentares que o Cardinalito selvagem consegue manter a sua intensa cor vermelha. Durante os “anos escuros” da canaricultura, as aves coradas “artificialmente” eram simplesmente banidas das exposiçőes. Desde o início, houve uma acesa discussăo acerca do que seria uma alimentaçăo colorante. Alguns consideravam mesmo que a utilizaçăo de cenouras na alimentaçăo era uma forma artificial de pigmentar aves através da alimentaçăo. A maioria aceitava qualquer tipo de fruta ou vegetais mas eram terminantemente contra a utilizaçăo de concentrados. Nesta confusăo, era difícil saber onde encaixar a pimenta vermelha. Era impossível impor uma regra e tudo isso só servia para instalar a suspeiçăo e fomentar má vontade entre os criadores. Ninguém admitia utilizar qualquer tipo de alimento colorante e algumas aves de qualidade extraordinária, mesmo que năo fossem alimentadas de uma forma especial, eram impedidas de entrar em concursos, por serem suspeitas. Noutros concursos, baseados ma “honorabilidade” dos participantes, só as aves “preparadas” tinham hipóteses de vencer. Mesmo atualmente, o iniciado é deliberadamente enganado por alguns criadores. Num recente concurso de canários de cor eu ouvi um concorrente premiado, que compra grandes quantidades de concentrados químicos, dizer a um jovem aficcionado: “Alimentos pigmentantes?” Eu? Năo, eu só utilizo verduras!”. Posso afirmar categoricamente que nos últimos vinte anos houve um único canário de Fator Vermelho que tenha vencido um concurso de canários de cor, que năo tenha sido alimentado com uma dieta colorante especial!, Há muitos mitos a envolver a alimentaçăo de canários de fator vermelho. Alguns entusiastas acreditam que os carotenóides irăo afetar o fígado das aves, reduzindo-lhe de alguma forma a esperança de vida. Isto năo é, de todo, verdade. Vá até uma loja de produtos dietéticos e verá o B-Caroteno colocado num local de destaque, destinado á alimentaçăo humana. O B-Caroteno é um antioxidante e pensa-se que desempenha um importante papel na prevençăo e cura em processos de doença, incluindo o cancro. O B-Caroteno é uma das substâncias mais importantes na alimentaçăo colorante para canários de fator vermelho.
As substâncias utilizadas para melhorar a cor em aves de fator vermelho săo classificadas como lipossolúveis (solúveis em gordura). Como conseqüęncia disto, o seu organismo năo dispőe de um mecanismo simples de remoçăo do que está em excesso. O uso de agentes promotores da cor melhora a aparęncia das aves e beneficia o seu estado de saúde. No entanto, o seu uso indevido ou excessivo podem ser prejudiciais. As indicaçőes relativas ás dosagens devem ser escrupulosamente seguidas. Como regra prática, qualquer das substâncias pigmentantes pode ser fornecido até que as fezes apresentem uma cor rosada. Este é um sinal de que a ave já atingiu o máximo da quantidade de pigmentante que consegue absorver e utilizar.
Infelizmente, muitos criadores recusam-se a ler ou a seguir as indicaçőes. A água deve ser mantida sempre fresca, pelo que tem que ser mudada diariamente. Isto é duplamente verdade se a água contiver agentes pigmentantes. A água pode estragar-se facilmente, se tiver substâncias pigmentantes dissolvidas e năo for substituída freqüentemente. As substâncias químicas devem ser guardadas num local fresco, escuro e seco. Embora năo as destrua, o calor, a luz e a umidade fazem com que as substâncias percam potęncia. Se forem refrigeradas, as substâncias podem durar para sempre, ou quase...
Năo há uma idade mínima para começar a fornecer ás aves alimentos colorantes.
As aves adultas devem ter os agentes pigmentantes permanentemente á sua disposiçăo. Há várias razőes para isso. Alguns criadores só lhes fornecem essas substâncias durante o período da muda. Isto é um erro, pois o organismo da ave deve estar saturado com estas substâncias químicas antes do início da muda, por forma a que a ave apresente a melhor cor possível. A única maneira de assegurar isto é fornecer continuamente os concentrados pigmentantes. Os canários de Fator Vermelho, precisam de uma percentagem superior ao normal de carotenóides na dieta. Ao mesmo tempo, se năo houver um fornecimento contínuo de pigmentos o que văo acontecer é que as penas que caírem, por qualquer razăo, văo ser substituídas por penas com uma cor diferente das outras, o que anula as possibilidades da ave como exemplar de concurso. Em algumas aves podem até crescer penas brancas! Săo tręs as substâncias mais utilizadas como pigmentantes na alimentaçăo de canários de Fator Vermelho. Săo elas a Cantaxantina, o B-Caroteno e o Flamen-Oil, embora sejam também utilizadas outras substâncias tais como o Beta-Thin, O Beta-Tone, a Roxantina e outros carotenóides cor-de-laranja.
A Cantaxantina é o mais potente de todos. Alguns criadores usam-na em exclusivo. Este năo é no entanto, o melhor caminho a seguir.
As aves alimentadas exclusivamente com Cantaxantina acabam por desenvolver uma monótona cor vermelho-tijolo. É mais correto fornecer ŕs aves uma mistura em partes iguais de Cantaxantina e B-Caroteno. Desta forma as aves desenvolvem uma plumagem de um vibrante vermelho. Os canários vermelhos năo intenso (nevados) normalmente năo apresentam esta cor vermelho-vivo devido ao fato de as penas serem bordejadas a branco. Estes concentrados devem estar sempre disponíveis na água. A Cantaxantina e o B-Caroteno podem e devem ser também fornecidos no alimento da cria.
A Cantaxantina e o B-Caroteno constituem as bases de uma estratégia alimentar colorante para canários de Fator Vermelho. A primeira é altamente recomendada por criadores um pouco por todo o planeta. Foi desenvolvida por químicos europeus e surge como o mais potente e seguro agente colorante par alimentaçăo de canários. Existem ainda outros carotenóides cor-de-laranja. Quando săo fornecidos juntamente com a Cantaxantina e o B-Caroteno o resultado săo aves de cor vermelha ainda mais brilhante.
Estes carotenóides cor-de-laranja săo fornecidos com uma base oleosa. Săo adicionados ŕ papa de cria ou misturados com guloseimas como sementes de cardo ou cânhamo. Misture uma colher de chá (5cm3) de óleo com cerca de 450 gramas de sementes. Deixe repousar durante a noite antes de fornecer esta mistura ŕs aves, para que as sementes possam absorver o pigmento. Ao comprar Cantaxantina e B-Caroteno peça ingredientes puros ou um colorante de qualidade, o qual tem já esses carotenóides em percentagem adequadas. O seu fornecedor deve manter refrigerados todos os produtos sensíveis, incluindo a Cantaxantina, até a altura em que a expediçăo é feita, por forma a manter a melhor qualidade possível nos produtos.
Há outros carotenóides contidos em bagas, beterraba, batata-doce, abóbora, tomate e cereja. As aves devem também receber estes alimentos para que estes pigmentos, talvez ainda năo descobertos e avaliados, possam ser utilizados pelas aves. Estes frutos e vegetais devem ser dados em conjunto com os agentes químicos atrás referidos. Existem canários de cor a serem exibidos hoje com cores semelhantes ŕ do Cardinalito. Os canários de porte, especialmente Norwich e Border, tem vindo a ser cruzados com canários de Fator Vermelho, para melhorar o tamanho e a forma. As aves resultantes desses cruzamentos devem ser sujeitas a uma seleçăo cuidadosa e a um esquema de reproduçăo no sentido de apurar a cor vermelha. Năo se deve esquecer que nenhuma forma de alimentaçăo colorante funciona se geneticamente a ave năo tiver essa característica.

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